avaliação da vítima
A. Fatores sugestivos de
inalação de fumaça:
(1) fuligem depositada na orofaringe,
(2) disfonia,
(3) rouquidão,
(4) perda de consciência (alto nível de CO),
(5) broncoespasmo.
0bs.:
geralmente o Rx de tórax é normal, não sendo necessário para o
diagnostico.
Sintomas
(1) Pelos nasais chamuscados, edema de língua, rouquidão (ocorre em
50% dos casos) e estridor
são sinais importantes e sugestivos de
lesão em estruturas laríngeas com possível edema em evolução.
(2) tosse, broncoespasmo com sibilos e dificuldade respiratória com
uso de musculatura acessória,
sugerem lesão em vias aéreas de
pequeno calibre,
(3)
sintomas progressivos podem ser seguidos por perda parcial ou
completa da via aérea;
portanto, a intubação
é indispensável
Diagnóstico
(1) o grau de comprometimento das vias aéreas em inalação tóxica é
determinado pela inspeção direta
através de laringoscopia ou
broncoscopia,
(2) inicialmente
documenta a presença e extensão da lesão,
devendo ser repetido após
alguns dias e semanas para acompanhamento.
Envenenamento por Monóxido de Carbono (CO)
Intoxicação por monóxido de
carbono (CO) é a principal causa de hipóxia em sobreviventes
de queimaduras.
Até prova em contrário, vítimas de incêndio
são sempre suspeitas de envenenamento por monóxido de carbono,
especialmente quando o acidente ocorre em um espaço confinado (ver
tabela).
Nível de carboxihemoglobina (COHb%) em
relação aos sintomas
COHb%
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Sintomas
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< 10%
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geralmente assintomático
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10-20%
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cefaléia / náusea / fadiga /
tontura
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20-40%
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desorientação / confusão mental
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40-60%
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alucinação / coma / síncope /
arritmias
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> 60%
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geralmente resulta em óbito
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O monóxido de
carbono é um produto de combustão e do fogo, sendo incolor, inodoro
e insípido.
No organismo
liga-se a enzimas contendo ferro da hemoglobina e ao citocromo.
A hemoglobina tem uma afinidade 240 vezes maior com o CO do que com
o oxigênio e é esta vantagem do CO ao competir com o oxigênio da
hemoglobina (Hb), que reduz a disponibilidade de oxigênio aos
tecidos.
Embora nesta
situação a PaO2 possa ser normal, o conteúdo real de oxigênio no
sangue está reduzido.
esta reação é
competitiva e reversível com imediata terapia com oxigênio
inalado a 100%.
Tratamento
A meia-vida de eliminação do monóxido de carbono a partir da
hemoglobina pode ser encurtada
de 4 horas para 45 minutos apenas com
a inalação de oxigênio a 100%,
que por este motivo, deve ser
precocemente administrado a pacientes suspeitos.
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Queimados com níveis de monóxido de carbono superiores a 20%
ou
que apresentem distúrbios neurológicos e/ou cardiovasculares,
devem
ser submetidos à intubação traqueal
para um melhor controle das
vias aéreas e terapia = O2
100%. |
Intoxicação por Cianeto
Cianeto é o nome comum do cianeto de
hidrogênio (HCN), ácido cianídrico ou ainda ácido prússico.
Na forma de gás é incolor e apresenta
um odor característico de amêndoas amargas.
Queimados que tiveram uma exposição mais longa à inalação de fumaça
de produtos químicos
ou que esta tenha ocorrido em um espaço
confinado tem uma maior chance
de apresentarem intoxicação por
cianeto.
A probabilidade de ocorrer envenenamento por cianeto aumenta quando
a concentração de carboxihemoglobina (COHb) estiver elevada. Nesta
situação haveria uma menor oferta de oxigênio aos tecidos
favorecendo a intoxicação por cianeto, cujos sintomas são
comparáveis aos do envenenamento por CO. Embora não haja diagnóstico
específico, níveis de lactato no sangue geralmente se correlacionam
com os de cianeto.
Em incêndios, o cianeto se apresenta como um dos produtos
resultantes da queima de plásticos contendo quantidades elevadas de
azoto, como o poliuretano entre outros. Sua toxicidade se deve
principalmente a uma ligação reversível com o ferro no estado
férrico da enzima citocromo oxidase mitocondrial (citocromo a-a3).
O cianeto, ao bloquear esta enzima,
torna a célula incapaz de utilizar o oxigênio e esta passa então a
se valer da via anaeróbia como fonte de energia, reduzindo o
piruvato a ácido láctico (fermentação láctica), com consequente
anóxia tecidual e um rápido desenvolvimento de acidose láctica.
Como o oxigênio não é mais utilizado a nível celular, não há
dissociação da oxihemoglobina, o que resulta em uma maior tensão
periférica de oxigênio (PaO2). Motivo pelo qual um indivíduo com
intoxicação por cianeto se apresenta rosado e não cianótico. O
efeito causado pelo cianeto é denominado de hipóxia histotóxica.
Texto baseado nas publicações:
Schmitz BU, Koch SM, Parks DH. Airway Management in Burn Patients.
Hagberg CA. Benumof’s Airway
Management, 2nd Ed, Philadelphia, Mosby Elsevier, 2007; 997-1008.
Blanding R, Stiff J. Perioperative anesthetic management of patients
with burns.
Anesth Clin North Am 1999;17:237-249.
Gaissert HA, Lofgren RH, Grillo HC.
Upper airway compromise after inhalation
injury. Ann Surg 1993;218672-218678.
Kohn D. Burn trauma. Preclinical and clinical care from an
anesthesiologist’s point of view.
Anaesthesist 2000;49:359-370.
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